Realmente a tecnologia chegou com força no mercado do áudio.
Aliás, não é mais nenhuma novidade trabalhar com cenas salvas em diferentes
consoles digitais. Vivemos em épocas de grandes modismos e nem quem está a margem
de tanta inovação ou quem a domina deve ser execrado. Existem dois lados dessa
moeda tão questionada atualmente.
Os comentários são diversos. Uns com fundamento e outros sem
pé nem cabeça. Logo no começo, quando a moda era andar com o dito pendrive
balançando no pescoço que nem chocalho de boi, existia o mito que “na minha
mesa ninguém bota pendrive” se não for formatado. O grande medo do dono era que
a mesa pegasse um “vírus” e mal sabia que o sistema que rodava em sua mesa era
particular e que vírus de outro sistema não poderia afetá-lo. Outro problema
era apagar a mesa todinha com o Recall de uma cena externa. Percebo que pra uma
locadora é interessante sempre ter seus consoles bem livres destes preset´s e
fazer backup sempre que necessário. Participei de festivais com 3 consoles
diferentes no PA por exemplo e todas as
bandas chegavam com seus “pendrives” e faziam seus shows. Como eu também tinha
o meu, não custava nada ter o backup do evento.
Daí então foi surgindo mais consoles, possibilitando até a
galera a gravar o áudio do seu show em dois canais e ver a comédia depois...
hehehehe... Entre outras coisas legais. Já vi várias vezes acontecer comigo e
com alguns amigos técnicos, tipo Tiba (Aviões) uma galera pedindo nossas cenas
pra que em cima delas fizessem as cenas de sua banda. Apesar de achar que
cena é como escova de dente, cada um com a sua. Mas eu ainda vi gente com boa
fé e apenas estudava os preset´s e montava seu setup de acordo com sua
necessidade. Mas essa de que o som vai melhorar por que está com a cena do
fulano... Comprem-me um bode...!
Aconteceu também um dia que o pendrive me deixou na mão
faltando 10 minutos pra começar o show. Bom, ainda bem que preservei na minha
cabeça que o menos é mais e minhas cenas não eram tão complicadas que não
pudessem ser feitas com rapidez, pois não sentia a necessidade de tanta coisa
no meu preset. Isso me ajudou muito naquele dia. Os presets ajudam muito a quem
trabalha numa estrada de muitos shows e com pouco tempo pra passagem de som.
Imagine ai os festivais hoje com tantas bandas. De certo modo, os festivais
sempre aconteceram com muitas atrações, mesmo na época das mesas analógicas,
onde víamos House´s que mais pareciam outro palco de tanta mesa que tinha em
cima.
Com a baixa no preço do pendrive, me bateu a ideia de ter um
pra cada mesa. Não por conta de problemas entre as cenas estarem no mesmo pendrive,
mas por organização e segurança também. Além disso tudo, eu levo minhas cenas em backup espelhado no HD e
Dropbox, sendo este último muito interessante.
Usar a tecnologia a seu favor e nunca deixar de ter o pé no
chão como sempre disse meu amigo e guru Marujo (Maurisérgio). Converso muito
com o amigo e hoje chefe(hehehe) Sandro Levi que é outro que respeita muito o
avanço tecnológico sem perder a essência. Isso sim faz diferença no teu
trabalho.
Outro dia estava num teatro montando um sistema para um
artista nacional e não sabia se o técnico tinha cena do console que disponibilizávamos
entre os quais ele pedia no rider. Peguei uma cena inicial e fiz apenas a
nomeação dos Patchs, para facilitar a vida do companheiro e me admirei com o
que ouvi. “Não precisava amigo, você não vai me tirar o barato que é poder
montar meu show desde o começo, vai?” Caímos na risada e vimos o quanto é legal realmente
poder começar do zero.
Sei que o assunto é extenso e que muitos que estão na
estrada tem algo legal pra relatar. Mas gostaria, contudo de deixar uma
reflexão para vocês amigos:
“Se o som que você quer fazer não está dentro da tua cabeça,
num pendrive é que ele não vai estar.”
Carlos Rossy,
Bulidor de Bilotos em
Fortaleza-CE
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