2 de ago. de 2010

20 anos da morte de Luiz Gonzaga


Crato Vinte anos depois da morte de Luiz Gonzaga, o som de sua sanfona está cada vez mais presente nas salas de reboco das casas do sertão e nos mais diversos auditórios e palanques, enchendo de emoção e lirismo platéias de todas as categorias sociais. Em Exu (Pernambuco), sua terra natal, a programação comemorativa aos 20 anos da morte do Rei do Baião foi aberta, ontem, com uma "roda de sanfona", debaixo de um pé de juazeiro, no Parque Asa Branca. Em Juazeiro do Norte, sanfoneiros do Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha homenagearam o velho "Lua" com uma retreta de sanfonas em torno de seu busto, na Praça do Memorial. Com forma também de homenagem e resgate da memória de Gonzagão, o poder público quer tombar Parque Asa Branca como Patrimônio Imaterial.

O forró pé-de-serra, introduzido no Brasil pelo Luiz Gonzaga na década de 40, conquista o mercado, concorrendo com outros ritmos brasileiros e estrangeiros. "O baião, coco, rojão, quadrilha, xaxado e xote caracterizam o forró e tem cheiro de carne de bode assada", comparou o velho Gonzagão, acrescentando que é uma música com a cara do Nordeste, que canta, ri, chora e "faz pouco" do seu secular sofrimento.

Luiz do Nascimento Gonzaga nasceu no dia 13 de dezembro de 1912, na Fazenda Caiçara, município de Exu, ao lado da casa onde morou a heroína cearense Bárbara de Alencar. Morreu no dia 2 de agosto de 1989, às 15h15, no Hospital Santa Joana, no Recife, onde estava internado há 42 dias. Seu corpo foi velado na Assembléia Legislativa de Pernambuco e enterrado na capela do Parque Asa Branca, em Exu, sua cidade natal.

A escola gonzagueana está cada vez mais presente na vida das novas gerações, vindas das mais diversas categorias sociais. O vendedor de discos José Amilton Silva, proprietário da loja "Amilton Som", diz que Gonzagão continua sendo o maior vendedor de CDs do Cariri. "De vez em quando aparece uma novidade, um cantor novo que desponta no cenário artístico nacional, mas desaparece, enquanto a venda de discos de Gonzaga é constante", afirma.

Amilton, que vende discos desde 1963, destaca que "Luiz Gonzaga interpretou o Nordeste em carne e osso, a poesia do povo, tradicional ou improvisada, transformada em canção, é um dos fenômenos mais ricos da cultura popular, pelo enfoque permanente de elementos históricos, tradicionais, emocionais e sociais". Ele foi o primeiro músico assumir a nordestinidade representada pela sanfona e pelo chapéu de couro. "Cantou as dores e os amores de um povo que ainda não tinha voz".

Diário do Nordeste

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